Especialistas alertam para a importância da saúde do coração no paciente diabético

Segundo o Ministério da Saúde, o diabetes é uma das cinco principais causas de morte na população brasileira. Pacientes diabéticos possuem um risco duas a quatro vezes maior de desenvolver doenças cardiovasculares.Tratamentos auxiliam na prevenção do problema e melhoram o estado de saúde do paciente.

De acordo com a “Diretriz para o Tratamento e Acompanhamento do Diabetes Mellitus”, produzida pela Sociedade Brasileira do Diabetes, a doença arterial coronariana responde por até 80% das causas de morte dos pacientes com diabetes do tipo 2. Os problemas cardiovasculares mais comuns são a aterosclerose (formação de placas de gordura na parede das artérias), o infarto do miocárdio e o AVC (Acidente Vascular Cerebral). “Essas complicações podem diminuir em até 10 anos a expectativa de vida dos diabéticos, por isso é tão importante atuar na prevenção da doença cardíaca”, alerta o cardiologista Jairo Lins Borges, do Instituto Dante Pazzanese.

“Do ponto de vista cardiovascular, ter diabetes é praticamente o mesmo que ter tido um infarto ou derrame”, afirma Borges. O médico explica que o diabético tem uma estrutura vascular prejudicada, devido à resistência à insulina (hormônio responsável pela entrada de glicose nas células e atua no metabolismo de lipídeos) e à hiperglicemia (aumento da glicose no sangue), favorecendo assim o aparecimento da aterosclerose.

Além disso, o diabetes do tipo 2 está diretamente associado à Síndrome Metabólica que inclui obesidade, aumento da circunferência abdominal, dislipidemia (alterações anormais do colesterol e do triglicérides), hipertensão arterial e outros distúrbios metabólicos que podem levar à disfunção endotelial (dificuldade de dilatação dos vasos sanguíneos) e, conseqüentemente, à doença cardíaca. “Tratar o diabetes significa prevenir e controlar também todos estes outros fatores de risco cardiovasculares”, informa o endocrinologista Freddy Eliaschewitz, pesquisador clínico do Centro de Pesquisas Clínicas CPClin de São Paulo e chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital Heliópolis.

Além da adoção de hábitos saudáveis como parar de fumar, praticar exercícios físicos e ter uma alimentação saudável, o médico especialista pode prescrever o uso de medicamentos que visam baixar a glicemia (nível de açúcar no sangue). Entre as opções disponíveis no mercado, a acarbose (Glucobay®, da Bayer Schering Pharma) além de ser um hipoglicemiante oral, contribui também para a redução das doenças cardiovasculares em pacientes pré-diabéticos ou portadores de diabetes do tipo 2. De acordo com um artigo publicado na revista científica Expert Reviews (2008), a acarbose está associada à redução de 35% dos eventos cardiovasculares, prevenindo casos de hipertensão arterial e infarto do miocárdio. “Os estudos demonstram que a acarbose contribui para a diminuição da disfunção endotelial, evitando picos dos índices glicêmicos, principalmente da hiperglicemia pós-prandial (medida após as refeições)”, afirma o cardiologista Jairo Lins Borges.

Outra novidade na área é o Consenso publicado em conjunto pela American Diabetes Association (ADA) e pela American Heart Association (AHA), em 2008, que recomenda o uso do ácido acetilsalicílico para a prevenção primária e secundária de doenças cardiovasculares em portadores de diabetes acima de 30 anos, que apresentem adicionalmente um fator de risco cardiovascular.

Pré-diabetes
Os portadores de Pré-diabetes (condição clínica em que o paciente apresenta níveis elevados de glicose no sangue, mas ainda inferior para obter o diagnóstico do diabetes do tipo 2) também apresentam 34% mais chance de morrerem devido a um evento cardiovascular ou derrame cerebral, do que as pessoas que não estão nessa condição. “Estudos têm sinalizado que os pré-diabéticos apresentam maior risco cardiovascular, por isso, a prevenção às doenças cardíacas deve ser iniciada o quanto antes”, explica o endocrinologista Ruy Lyra, professor de Endocrinologia da Faculdade de Ciências Medicas da Universidade de Pernambuco e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

A hiperglicemia e a resistência à insulina, normalmente encontradas no pré-diabetes, desencadeiam uma série de reações metabólicas e vasculares, que explicam o risco de doença cardiovascular e justificam a necessidade do tratamento precoce, ou seja, antes mesmo que a glicemia atinja o nível para o diagnóstico do diabetes. “A maioria dessa população apresenta sobrepeso ou obesidade e resistência à insulina, que está na origem de um processo inflamatório que começa no tecido adiposo e se espalha por outros tecidos”, explica Eliaschewitz.

Segundo os resultados de uma meta-análise (MERIA*) que abrangeu sete estudos clínicos e um total de 2.180 pacientes com diabetes do tipo 2, a acarbose demonstrou efeitos positivos na redução de doenças cardiovasculares. O trabalho concluiu que, além do controle glicêmico, a acarbose reduz de forma significativa o risco de infarto do miocárdio e outros eventos cardiovasculares nos pacientes tratados com a medicação.

Sociedades médicas brasileiras e internacionais alertam também para a importância da prevenção do diabetes do tipo 2 em crianças e adolescentes. “Hoje o diabetes acontece de forma epidêmica, pois acompanha o aumento dos casos de obesidade. Por isso, o diabetes vem atingindo também uma faixa etária mais jovem da população”, alerta Ruy Lyra. Segundo os especialistas, o desenvolvimento precoce do diabetes poderá fazer com que as pessoas apresentam doenças cardiovasculares cada vez mais cedo.

A acarbose é o único medicamento aprovado em bula no Brasil para o tratamento do Pré-diabetes. De acordo com o Estudo para Prevenção de Diabetes Mellitus (STOP-NIDDM**) que envolveu 1.429 pacientes com intolerância à glicose (fase que antecede o diabetes do tipo 2), o tratamento com a acarbose reduziu a progressão para Diabetes em 25% dos casos, e melhorou a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina. Este mesmo estudo concluiu que, além de ser um medicamento seguro, proporcionou uma redução de 49% do risco cardiovascular (qualquer evento cardiovascular), principalmente do infarto do miocárdio (91%), além de uma redução de 34% do risco de surgimento de novos casos de hipertensão arterial.

Atualmente, mais de 200 estudos clínicos realizados com mais de 200 mil pacientes de diversos países, comprovam a eficácia do ácido acetilsalicílico na prevenção de eventos cardiovasculares, incluindo os pacientes com Diabetes Mellitus. Devido ao seu efeito protetor nas artérias, o medicamento é indicado para a prevenção primária e secundária de eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes do tipo 2, que apresentem algum risco cardiovascular.

As revistas científicas Circulation e Diabetes Care, publicaram em julho de 2008 um novo relatório elaborado pelas entidades médicas American Cancer Society (ACS), American Diabetes Association (ADA) e American Heart Association (AHA), sobre o tratamento de pacientes com risco cardiovascular. O relatório inclui medidas preventivas como parar de fumar, reduzir o peso e baixar o nível de colesterol, aliadas ao uso contínuo de ácido acetilsalicílico. De acordo com o documento, estas medidas podem reduzir em até 63% a ocorrência de ataques cardíacos e em 31% de derrame cerebral nas próximas três décadas. Outros estudos com o ácido acetilsalicílico estão em andamento como o ASCEND, que envolve 10 mil pacientes e tem como objetivo avaliar os efeitos do ácido acetilsalicílico em pacientes diabéticos.

Cuidados para a saúde do coração do diabético
0 Visitar com freqüência o médico para realização de exames clínicos e acompanhamento geral do estado de saúde
0 Praticar atividades físicas de forma regular e intensidade moderada, três a cinco vezes por semana (30 a 60 minutos por dia ou 150 minutos por semana)
0 Prevenir e tratar fatores de risco como pressão alta, colesterol elevado, obesidade e tabagismo
0 Investigar a presença ou histórico familiar de doenças cardiovasculares
0 Procurar orientação nutricional adequada, evitando o consumo de gorduras e alimentos calóricos

Estatísticas

· O Censo de Diabetes realizado em 1988 pelo Ministério da Saúde, mostrou uma prevalência de 7,6% de diabetes na população brasileira de 30 a 69 anos. Destes, cerca de 50% não sabem que têm diabetes.
· Segundo um relatório do SUS (Sistema Único de Saúde/ 2005) sobre o controle e a prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis no Brasil, a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus são doenças de alta prevalência, cujos fatores de risco e complicações representam o maior percentual de doenças em todo o mundo. Entre as doenças cardiovasculares, o AVC (Acidente Vascular Cerebral) e a doença coronariana aguda são responsáveis por 65% dos óbitos na população adulta, 40% das aposentadorias precoces e por 14% das internações na faixa etária de 30-69 anos. Ainda de acordo com o SUS, 40 a 50% dos custos de internação hospitalar no Brasil estão relacionados aos pacientes com diabetes mellitus.
· Segundo o International Diabetes Federation (IDF) mais de 314 milhões de pessoas no mundo têm Pré-diabetes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o número de indivíduos diabéticos e pré-diabéticos está aumentando devido ao crescimento e envelhecimento populacional, à maior urbanização, à crescente prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como à maior sobrevida do paciente com diabetes.
· Segundo um estudo epidemiológico sobre a mortalidade de pacientes diabéticos nos Estados Unidos, publicado na revista Diabetes Care (julho 2008), as doenças do coração – principalmente o infarto do miocárdio - foram consideradas as mais freqüentes e responsáveis por 69,5% dos óbitos. Além disso, a expectativa de vida desses pacientes foi de oito anos menor do que do restante da população.
· Estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que as doenças cardíacas e o AVC (Acidente Vascular Cerebral) estão entre as principais causas de morte, atingindo 17,5 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, esta é a principal causa de morte na população, representando 31,5% dos óbitos.

* MERIA (Acarbose reduces the risk for myocardial infarction in type 2 diabetic patients: meta-analysis of seven long-term studies). Hanefeld M, et al. Eur Heart J 2004; 25:10-16
** STOP-NIDDM (Study to Prevent Non-Insulin-Dependent-Diabetes-Mellitus). Chiasson JL, et all. Lancet 2002; 359: 2072-77


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