88 municípios do Norte têm dificuldade de contratação de profissionais da saúde

Levantamento do Ministério da Saúde apresentado durante o encontro anual da Aliança Global para a Força de Trabalho em Saúde (Global Health Workforce Alliance - GHWA), que terminou nesta quarta-feira (26), mostra que as regiões Norte e Centro-Oeste são as que possuem melhor cobertura de médicos residentes em todo o país. De 455 municípios onde há falta total desse tipo de profissional, 88 ficam no Norte (19,3%) e 23 no Centro-Oeste (5,1%). No Nordeste, o problema aparece em 117 municípios (25,7%), no Sul em 116 localidades (25,5%) e no Sudeste em 111 (24,4%) da amostra.

 

No cenário global, o Brasil atende, em média, ao parâmetro recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O considerado ideal é um profissional (médico/enfermeiro/parteiro) para cada grupo de mil habitantes. No caso brasileiro, esta proporção está em 1,15 pra cada mil moradores. De acordo com a Aliança Global, há carências críticas de profissionais em 57 nações. O Brasil não esta lista, no entanto, o estudo apresentado pelo Ministério da Saúde indica que o país ainda apresenta discrepâncias em nível regional.

 

Gestão - O relatório funciona como uma ferramenta de gestão, pois ajuda no diagnóstico do setor e subsidia a tomada de decisões e o desenvolvimento de projetos que têm como meta a qualificação da oferta de profissionais e o aumento da sua presença em áreas consideradas de baixa cobertura. Para Francisco Campos, uma preocupação é identificar os motivos da distorção. "Não acreditamos que o salário seja um problema fundamental. Muitos profissionais alegam que a dificuldade está no isolamento em áreas de difícil acesso. Para enfrentar isso, desenvolvemos o Telessaúde, que permite maior interação desses indivíduos com centros de aperfeiçoamento localizados nas universidades e grandes cidades", explica o secretário.

 

O desempenho das autoridades brasileiras na formação, captação e qualificação da mão-de-obra especializada em saúde tem chamado a atenção de organismos internacionais e outros países. Tanto que a Aliança Global fez questão de que o encontro fosse realizado em terras brasileiras para que houvesse uma troca intensa de experiências, sobretudo, no que diz respeito ao funcionamento do Telessaúde (capacitação à distância de profissionais), do Pró-Saúde (formação de futuros médicos), da Formação de Agentes Comunitários de Saúde (para atuação no PSF) e do Observatório de Recursos Humanos (sistema de monitoramento nacional do progresso na solução da crise dos profissionais da área de saúde).

 

Sobre o estudo – Os números apresentados foram retirados do CNES, que operacionaliza os sistemas de informações em saúde do Ministério. O cadastro define como estabelecimento de saúde qualquer local destinado à realização de ações ou serviços de saúde, coletiva ou individual, qualquer que seja o seu porte ou nível de complexidade. Para efeito desse cadastro, o estabelecimento de saúde poderá ser tanto um hospital de grande porte quanto um consultório médico isolado ou, ainda, uma Unidade de Vigilância Sanitária ou Epidemiológica. O CNES é um sistema dinâmico, alimentado pelos gestores estaduais e municipais de saúde.

 

Dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde, que também foram disponibilizados, acrescentam que há também a falta de especialistas, como pediatra, anestesiologista, psiquiatras, neurologistas e profissionais que trabalham com neurocirurgia e medicina intensiva. A pesquisa, coordenada pelo Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), teve início em março deste ano e prosseguirá até março de 2009.

 

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Clarim da Amazônia