Senadora Fátima propõe plano e recursos do Fundo da Amazônia para famílias que estão na Flona Bom Futuro


Durante audiência de duas horas ontem com o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), realizada a pedido da senadora Fátima Cleide (PT-RO), representantes de famílias que moram na Floresta Nacional de Bom Futuro, na região de Porto Velho, em contato pela primeira vez com o gestor do Meio Ambiente no Brasil, tiveram a garantia de que elas não irão deixar a área, reserva criada no final da década de 80, com 250 mil hectares, e que sistematicamente foi invadida.

“O que está decidido é que o Instituto Chico Mendes irá cadastrar uma a uma das pessoas que estão lá produzindo. Cada situação será analisada individualmente. As famílias irão ter apoio para uma mudança no padrão e forma de produção. O ministro acenou inclusive com o pagamento de serviços ambientais para que os agricultores familiares protejam a reserva”, disse a senadora Fátima.

A parlamentar propôs a elaboração, urgente, de um plano de desenvolvimento para as famílias, paulatinamente ao trabalho de cadastramento, e a oferta de recursos do Fundo da Amazônia ou do Fundo Soberano para “que transformem sua atividade, obtendo ganhos com a sustentabilidade na própria reserva”. “Considero esta uma oportunidade única para todos”, disse a senadora. Ela lembrou que os agricultores não podem receber financiamento porque se trata de uma reserva federal.

Além do cadastro, a decisão de Minc, sobre a qual os participantes da reunião estão de acordo, é a de que será retirado o gado da área e coibida a extração ilegal de madeira. Serão colocadas barreiras do Exército nas vias de acesso. “Serei implacável. Quem for pego tirando madeira será preso”, disse o ministro, que prometeu estudar as alternativas para construção de um plano solicitado pela senadora com projetos de viabilidade econômica e social para os agricultores. Na região são plantados café, milho, feijão e cana de açúcar.

O presidente da Associação dos Produtores Rurais Nova União do Rio Pardo, Salvador da Cruz Filho, disse ser totalmente favorável à proibição de retirada de madeira, porque os agricultores são prejudicados “com as vias de acesso, esburacadas, danificadas pelos caminhões de tora, e que até assassinato por causa de madeira já aconteceu”. Salvador agradeceu a rapidez com que a senadora agendou a audiência com o ministro, e confia no acordo que envolve os demais representantes da comunidade, estimada em cinco mil pessoas, estabelecido mediante o empenho do prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho.

Presente à audiência, Sobrinho disse, ao fazer uma exposição inicial sobre a situação na área, que não aceita e “não adiantam medidas truculentas contra a população instalada na Flona”. “O poder público tem de estar presente. E nós, depois de muito tempo em que o município virou as costas para o problema, estamos liderando esse processo, construímos um termo em que desejamos desmatamento zero e que a comunidade tenha alternativas de produção sustentável, coloque em prática por exemplo a atividade de consórcios”, disse o prefeito.

Na audiência também estiveram presentes o prefeito de Buritis, Elson Montes; os vereadores José Wildes (PT-Porto Velho); Jeferson Gomes David (PHS-Alto Paraíso) e Jurandir Rodrigues de Oliveira (PT-Jaci-Paraná); o presidente da Associação dos Produtores Rurais de Marco Azul, Asproma, Eliseu Raimundo da Silva; o deputado Mauro de Carvalho; o auditor fiscal Altamiro Souza, ex-prefeito de Alto Paraíso e o advogado Rodrigo Hernandez.

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Clarim da Amazônia