A copa mais heterogênea da história mundial
Por: Daniel Oliveira da Paixão


O Mundial de 2014, em um país de dimensões continentais como o Brasil, vai surpreender o mundo não apenas em relação às suas distâncias que superam 3.500 KM, mas também em relação ao clima. Os torcedores, vindos de todas as partes do mundo, vão se surpreender com as diferenças climáticas, as diferenças culturais e de costumes e hábitos alimentares.

Metade das cidades escolhidas sediaram a primeira e até aqui única Copa realizada no Brasil, em 1950. Estas cidades são: Rio de Janeiro (local das finais, naquela ocasião), São Paulo, Recife, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte.

Para outras seis cidades a Copa será uma novidade: Brasília (DF), que nem existia em 1950; Fortaleza, Natal, Recife e Salvador (Nordeste); Manaus, na Amazônia; e Cuiabá (no Pantanal). Os traslados no Brasil exigirão grandes mudanças (Maior até daquelas ocorridas nos Estados Unidos, no Mundial 1994.

Em sua passagem pelo país, as equipes e os torcedores irão ver um Brasil diverso, mas o que mais sentirão, certamente, serão as diferenças culturais e urbanas. Esta, com certeza, será a Copa do Mundo com o maior nível de contrastes.

Vejamos, por exemplo, o contraste entre São Paulo, a maior cidade da América do Sul, cuja área metropolitana soma 20 milhões de habitantes, e Cuiabá, uma pequena capital com pouco mais de 500 mil habitantes, cercada por plantações de soja e criação de gado.

Também não é para menos o contraste entre as cidades do sul, com índices de desenvolvimento humano equivalentes ao de países europeus, com o empobrecido nordeste brasileiro.

Também serão notáveis as diferenças sociais e culturais de um sul colonizado principalmente por alemães e italianos, cujas pessoas são predominantemente loiras e de olhos azuis, com um nordeste de população formada principalmente por descendentes de índios e povos africanos.

No momento em que estiver acontecendo o Mundial de 2014, capitais como Salvador e Recife estarão imersas em suas festividades juninas, celebrando a vida ao ritmo de forró, uma música tradicional que o convida para dançar agarradinho, ao som de acordeão, tambor e triângulo.

Enquanto isso, o Rio vai continuar a sua habitual vivacidade, com suas casas sempre lotadas e os seus magníficos espetáculos de samba ou do futebol, a outra paixão nacional, em uma mistura de tons e de sons.

Não obstante, a maior diferença a ser sentida certamente será a climática, nesse confronto entre as diversas regiões deste país continental. Os torcedores vão ter que levar em suas bagagens roupas para aquecer o frio no sul e roupas leves para curtir as praias do nordeste ou o clima equatorial da Amazônia. Quem ficar no Planalto Central, em Brasília, poderá sentir ainda a sensação térmica de estar vivendo em um deserto, pois justamente no meio do ano o clima na região torna-se extremamente seco e árido.

Em Porto Alegre e Curitiba, o rigor do inverno austral exigirá a seleção de equipamentos e até mesmo de mangas longas e luvas, uma vez que as temperaturas nessas cidades nos meses de junho e julho beiram a zero grau.

No outro extremo, em cidades como Recife, Natal, Fortaleza e Salvador, o calor acima de 30 graus pode representar um problema se os jogos forem disputados à tarde, mas quem quiser curtir a praia em vez dos jogos vai poder se divertir bastante com esse clima.

Por outro lado, o calor e a umidade sufocante irá testar a adequação dos jogadores nas partidas realizadas em Manaus, localizada no coração da maior floresta tropical do planeta, o ponto onde o rio Negro desemboca no Amazonas.

Em contraste, no centro do país, cidades como Brasília, Belo Horizonte e Cuiabá, o mundo vai entrar no meio da estação seca, quando os níveis de umidade serão os mais baixos

No Rio de Janeiro, provavelmente o último cenário, o inverno também é agradável, com máximas variando entre 20 e 30 graus e nunca inferior à mínima de 15, que irá participar nas condições meteorológicas para o espetáculo de um país que já promete estar totalmente entregue ao maior evento futebolístico do planeta.

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Clarim da Amazônia