
"Nós não temos o direito de permitir que o presidente Obama e o presidente Hu Jintao façam acordos com base apenas nas duas realidades políticas e econômicas de seus países", afirmou Lula. Sarkozy também exigiu "mais responsabilidade" dos EUA para adotar metas de redução de gases de efeito estufa.
O presidente brasileiro quer uma posição clara de EUA e China em relação às propostas que serão debatidas durante a Conferência do Clima de Copenhague, que acontece em dezembro e deve definir as políticas a serem adotadas para tentar frear o aquecimento global. Entre essas propostas, está a posição comum apresentada por Brasil e França.
A "bíblia climática", segundo Lula, é um documento que reúne alguns dos pontos que há meses estão sendo discutidos e que poderiam causar um impasse nas negociações em Copenhague. Além de apoiarem o limite de 2°C para o aumento do aquecimento global e uma uma redução de 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2050, em relação as taxas registradas em 1990, os dois países também querem a criação de uma organização mundial do meio ambiente.
O presidente Lula garantiu que telefonará para o presidente americano Barack Obama na segunda-feira, para tentar convencê-lo a apoiar a proposta franco-brasileira. Sarkozy afirmou que irá "dar a volta ao mundo" atrás do apoio dos países da África e de parte da Ásia, e não discartou a possibilidade de ir ao Brasil para tentar convecer também os latino-americanos.
O presidente francês disse ainda que não aceitará um engajamento parcial de outros países sobre as propostas que serão apresentadas durante a Cúpula de Copenhague. Sarkozy também elogiou o plano anunciado pelo governo brasileiro para reduzir de 36,1% a 38,9% as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2020, em relação às emissões registradas em 1990. Os detalhes do plano foram apresentados durante a entrevista coletiva, pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que acompanhou Lula em Paris.
Após o encontro com o presidente Nicolas Sarkozy, o presidente Lula seguiu para Roma, onde participará da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da Agencia das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que começa na próxima segunda-feira.