"Ninguém Tem Coragem De Falar De Israel E Dos Judeus Na Minha Frente"


Floriano Pesaro, vereador paulista (PSDB), entrevistado com exclusividade pelo De Olho Na Mídia conta porque decidiu tomar duas ações para as quais hoje é preciso muita coragem: seguir carreira política no momento em que existe tanta desconfiança sobre nossos representantes, e entre outras causas, tomar para si a luta em defesa do judaísmo e contra o antissemitismo, seja ele de pequenos grupos, de mídia ou governamental, uma tarefa colossal e que a cada dia só cresce, conforme a proporção do ódio anti-judaico aumenta vertiginosamente no mundo e também no Brasil.

Mendy Tal, assessor do parlamentar confirma a frase que destacamos em nosso título: "eu ganhei um trabalhinho extra. Estou sempre pelo Plenário. Se o Jamil Murad (nota do editor: vereador paulista (Pc do B) que tem o "costume" de falar mal de Israel em seus discursos, sendo visto como o maior detrator do país na casa) ou algum outro decidir começar a verbalizar contra Israel e os judeus, é só um bipe. Imediatamente o Floriano desce e na frente dele, o Jamil e este pessoal não falam. Não tem coragem, porque sabem que ele vai responder e será firme".

Entre as principais medidas visando combater a ignorância e o antissemitismo, Floriano criou o projeto de lei que institui o estudo da história do Holocausto como parte obrigatória do currículo escolar paulistano e o projeto que visa formalizar o Dia Municipal em Memória das Vítimas Do Holocausto.

Mas apesar de se dedicar com vigor as causas judaicas, Floriano não fica só nisso. É de sua autoria a lei que institui a Rede de Comércio Solidário da Cidade de São Paulo (Lei 14.949/2009), a criação da Frente Parlamentar Para Microempresas, além de projetos de lei que visam combater a discriminação, que ampliariam o benefício do passe escolar para jovens participantes de cursos técnicos e profissionais, bem como professores; o estabelecimento de diretrizes para a erradicação do trabalho infantil; o dia municipal da luta pela educação inclusiva, entre outros.

Na Câmara Municipal, é membro das seguintes comissões:
- Vice-Presidente da Comissão Extraordinária Permanente em Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude.
- Membro da Comissão de Finanças e Orçamento.
- Membro da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia e de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto – Juvenil.
- Presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Microempresas, Empresas de Pequenos Porte, dos Microempreendedores Individuais e das Cooperativas.
- Vice-Presidente da Frente Parlamentar para implantação do Conselho de Representantes da Cidade de São Paulo.
- Relator da Subcomissão de Acompanhamento do Plano de Metas 2012.



O Currículo:

Daniel Benjamin Barenbein - De Olho Na Mídia: Porque você decidiu virar político? Porque vereador? Porque PSDB? Porque a escolha desta carreira justo em um momento em que ela está tão desacreditada?

Floriano Pesaro: A historia começa quando eu tinha 8, 9 anos de idade, ainda no primário quando eu disse em certa ocasião aos meus amigos de escola e aos pais dos meus amigos que eu queria ser político. Eu conheci um pai de uma colega de escola que era vereador de SP, Arnaldo Madeira, que depois virou deputado, teve uma trajetória brilhante e eu disse: eu quero ter uma carreira pública. Eu não sabia direito o que era isso, mas já queria. Depois eu comecei a estudar, agregar valores, conhecer pessoas, as amizades, conversava muito. E isto fez com que eu pudesse no colegial presidir o grêmio estudantil, do Colégio Palmares, onde eu estudei com vários amigos, inclusive da comunidade judaica. Isto acabou tendo em mim uma grande influência como é de se imaginar. Fiz vestibular para ciências sociais, minha idéia era se especializar em ciências políticas e isto foi bom, porque seis meses depois de eu ter entrado na faculdade, um novo partido político estava sendo fundado no Brasil, em junho de 1988, o PSDB. E o PSDB vinha com algo que eu já trazia da escola. Porque na oitava série, a gente já discutia geopolítica com um professor de geografia, que era marxista, bem marxista e ele me apelidou de kruschev, porque eu tinha idéias sociais-democratas. A partir de então eu comecei a estudar mais a social-democracia, como ela se desenvolveu na Europa, Rosa Luxemburgo, toda discussão sobre como ela avançou nos países Nórdicos, na Finlândia, na Noruega. Comecei a ter isso para mim como um modelo de Estado. Na faculdade aprimoramos as idéias, com a sociologia, depois na pós-graduação em ciências sociais que fiz na UNB, isso já filiado ao partido e militando no diretório. Até que veio a eleição presidencial do Fernando Henrique. Eu já tinha trabalhado na eleição que acabou sendo vencida pelo Collor, então na sequência fiz a campanha do Fernando Henrique. Foi quando vieram me chamar para trabalhar com ele. Desde então nunca mais parei. Fui secretário nacional do bolsa escola do Paulo Renato (FHC), secretário adjunto da casa civil do Alckmin e por fim secretário municipal de assistência e desenvolvimento social por três anos e meio com o Serra/Kassab.


A relação com os judeus e o judaísmo:


De Olho Na Mídia: Tua aproximação com a comunidade judaica como aconteceu?

Floriano Pesaro: Minha avó paterna é judia, antes de tudo. E talvez até porque o judaísmo tenha uma tradição mais secular, mais tradição do que outras religiões do ponto de vista das festividades, o assim chamado antigo testamento ser muito interessante, uma história, uma passagem bíblica, muito mais do que dizer o que você pode ou não fazer acabou me atraindo. E isso sempre foi um forte na minha formação: almoços, jantares na casa da minha avó, as festividades. Ou seja, o lado judaico da minha família acabou puxando mais do que o lado da minha mãe, não judaico. E minha mãe casou com dois judeus. Além do meu pai, ela casou com outro judeu, Bóris Kogan, então eu acabo sempre dizendo que ela é muito mais judia do que muita mãe judia por ai (risos). Sou e sempre fui sócio da Hebraica, praticamente moro lá, passei minha vida inteira no clube. Eu sou de casa.


De Olho Na Mídia: No Brasil você tem mais de 100 mil judeus e muitos simpatizantes, mas nem todos estão dispostos a lutar pela causa, a batalhar, a defender. Porque a tua dedicação?


Floriano Pesaro: Tua pergunta é muito interessante. Isso foi muito natural. Nada forçado. Por todos os lugares que eu passei, na parte social, sempre procurei ajudar organizações da comunidade judaica. Desde o Beit Chabad Central com o projeto Felicidade do Rabino Alpern - quando este estava sendo pensado ainda - Ten Yad, Unibes, etc... (nota do editor: organizações humanitárias e beneficentes que ajudam desde crianças com problemas graves até pessoas na linha da miséria, judeus e não judeus). Mas era uma ajuda porque eu acredito no trabalho destas organizações, porque eu acho que fazem a diferença e porque é a minha função pública. Mas, por consequência, isso acabou gerando um envolvimento intelectual, um envolvimento político até que um dia, eu jamais esquecerei, no carnaval de 2008 - evidentemente eu sabia que os rabinos do Beit Chabad não estavam comemorando o carnaval (risos) - mas estavam envolvidos em uma reunião no Hotel Hyat com toda a comunidade Chabad (nota do editor: uma linha ortodoxa chassidica judaica) do Brasil e o Rabino Alpern me convidou a participar. Lá ele pediu para que eu dirigisse umas palavras ao público e depois disse que eu estava sendo ...escolhido não é a palavra exata... mas disse: este é o rapaz que vai trabalhar junto a comunidade, que nós temos que apoiar.... e a partir daí surgiu uma onda. A onda na verdade do meu nome, o fortalecimento do meu nome junto a comunidade, já que participar dela, eu sempre participei. E isto se deu naturalmente a partir da própria comunidade. Eu não tive nenhum envolvimento com isso. É o que quero deixar claro: não dependeu de mim. É uma coisa muito diferente.


De Olho Na Mídia: E como você sentiu isso? Porque realmente para quem tem contato com a comunidade sentiu que foi algo muito forte que girou em torno do teu nome nas últimas eleições?


Floriano Pesaro: Muito. Muito mesmo. Há 30 anos que a comunidade judaica não se reunia em torno de um nome só. Pense, são 30 anos. Senti portanto duas coisas: uma tremenda responsabilidade, porque eu não tenho problema nenhum em defender os nossos ideais e tradições, mas a responsabilidade é muito grande porque a expectativa é muito grande. Porque a comunidade judaica, bem como a comunidade japonesa, coreana, islâmica, são comunidades esclarecidas. De gente que estudou, culta. É o povo do livro. A cobrança é uma cobrança elaborada. Os e-mails que eu recebo todos os dias na minha caixa postal de judeus cobrando posições, posturas, programas e projetos são imensos e elaboradíssimos. E em segundo lugar, enfrentei resistência da minha legitimidade para este tipo de representação. Foi triste ver alguns patrícios que não me consideravam um irmão, alguém capaz, pelo fato de não ser 100% judeu. Mas não vou entrar em detalhes porque estou sempre olhando para frente e é o futuro que importa.


O combate ao antissemitismo:


De Olho Na Mídia: Em relação ao antissemitismo, principal mote do De Olho Na Mídia, como você lida com este assunto? Quais os teus projetos a respeito disso? O que você tem feito para combater uma das doenças mais antigas da humanidade?


Floriano Pesaro: Primeiro reconhecer que o antissemitismo existe. É forte em alguns lugares no Brasil. Nós temos um movimento neonazista vigoroso. Forte na Tríplice Fronteira, no Paraná. Nós temos por lá também, não vou entrar em detalhes deste assunto, mas a presença de opositores, inimigos do Estado de Israel. Então o primeiro passo é este: não tapar o sol com a peneira. Quando há 60 anos tentou se fingir que nada acontecia, deu no que deu. Tem que se por o dedo na ferida. Conclamar as autoridades, por para trabalhar a policia nestes assuntos, seja a federal , estadual. Aglutinar as autoridades políticas. Se somar as autoridades eclesiásticas. Dizer: Gente, isso existe. É para enfrentar e não fugir! Eu sou o primeiro!

Os meus projetos todos que eu apresentei - são seis - dizem respeito as nossas festividades de uma certa forma, para que elas possam ser incorporadas ao calendário da nossa cidade, como todas as outras festas: tradição nipônica, tradição árabe, festas cristãs e assim vai. Não dá para as celebrações judaicas ficarem fora do calendário da cidade, como se os judeus fossem um outro povo. São paulistas e paulistanos tanto quanto qualquer outra pessoa. Temos que ter esta interação e integração junto ao local onde vivemos. Para que possamos ser respeitados sempre, é preciso que as pessoas nos entendam e saibam o que a gente pensa e o que a gente faz. Para que participem do Chanucá na Avenida Paulista e não como um amigo me disse uma vez, que não sabia o que era um “monte de capas pretas” por lá. Tem que entender o que está acontecendo e qual a mensagem profunda por trás daquilo. Tem que internalizar o que é o Chanucá, o Rosh Hashaná, o Pessach, etc... , porque tem um significado bíblico. Tem parte na história da humanidade. E com este conhecimento, iriam nos respeitar muito mais.

Segundo: os projetos do Holocausto. O que institui o Dia de Lembrança Ao Holocausto todo 27 de janeiro (nota do editor: data escolhida pela ONU para ser o Dia de Lembrança Internacional do Holocausto) e o que institui o tema do Holocausto como parte do curriculo escolar obrigatório na cidade.

Eu tive em casa uma experiência pessoal, que foi levar um livro em quadrinhos chamado Maus. Aquilo foi impressionante. Porque? É uma história em quadrinhos passada em um gueto polonês na segunda guerra mundial, onde os judeus são retratados como ratos (como eram chamados pelos nazistas), os alemães gatos, os poloneses porcos (também a forma de denominação dada pelos nazistas) e daí por diante. E meu filho leu e ficou impressionado. Começou a entender o que tinha se passado. Eu dou para ele ler vários livros sobre o Holocausto. Mostro filmes. Outro dia fiz questão de apresentar para ele “A Queda”, que é um filme polêmico e chocante, que mostra as últimas horas de Hitler no bunker.


De Olho Na Mídia: E como inserir isso no currículo escolar, algo tão distante e tão fora da realidade dos alunos?


Floriano Pesaro: A Bnai Brith de S. Paulo (nota do editor: grupo cultural, beneficente e de direitos humanos judaico) já faz há algum tempo de forma voluntária um concurso de redação para alunos e professores sobre o tema do Holocausto. Temos vários caminhos. Temos a Professora Maria Tucci Carneiro da USP que tem toda a parte temática acadêmica. Nós vamos distribuir livros de História. Vai se separar em um semestre para se estudar Holocausto. Montar bibliotecas, videotecas. Este é o trabalho. E finalmente temos outro ponto a se tratar quando falamos de antissemitismo e antissionismo, que é o enfrentamento no plenário...


O Combate ao antissemitismo e a discriminação na Política:


Floriano Pesaro: Nós temos aqui na Câmara, o vereador Jamil Murad que é muito ligado a colônia palestina e que vem atacando sistematicamente o governo de Israel, inclusive chegando a chamar em plena plenária o país de Estado Terrorista. Eu tenho feito o enfrentamento sozinho, peito aberto, tenho chamado para mim a responsabilidade de defender o Estado de Israel aqui dentro e tenho feito mais: chamei para um debate público na TV Câmara o Sheik da primeira mesquita do Brasil, da Avenida do Estado com o representante da Federação Israelita. Trouxe aqui o deputado israelense etíope do Kadima, Shlomo Mola que visitou o plenário, falou em hebraico e foi traduzido para o português. Foi muito bonito. Fiz o enfrentamento e discursos contra a presença do presidente do Irã, Ahmadinejad no Brasil. Em que parlamento do Brasil você vê uma atitude desta? Não vai ver. Eu estou tomando esta liberdade porque acredito nisso. Não é porque alguém me mandou. Ninguém me mandou. Eu acredito nisso e nós não podemos fingir que nada acontece. E eu sei que vou tocar em um tema polêmico agora, depois o Mendy me dá uma bronca (risos), mas vamos lá: a comunidade judaica, talvez pela nossa história de perseguição tenha talvez um comportamento subserviente em relação ao poder, do tipo, ah, mas é o presidente da República....ah, mas é o governador do Estado, ah... E não é assim não. As pessoas tem lados. Ou elas estão com a nossa causa ou estão contra ela. Eu estou dizendo isso no sentido de que nós precisamos saber quem são os nossos aliados, judeus ou não judeus. E não tratar a todos como amigos, com medo de termos inimigos. Porque nós sempre teremos inimigos. Esta é a história do povo judeu há cinco mil anos. Há 5770 anos que nós temos inimigos. Isso precisa ficar claro. Assim como outros povos também tem os seus. Precisamos separar o joio do trigo. E não tratar todo mundo, especialmente as autoridades, com bajulação e com temor. Medo do que? O que fizemos de errado? Nada. Só contribuímos com o desenvolvimento moral, espiritual, tecnológico e intelectual da humanidade.



De Olho Na Mídia: Já que é para entrar em polêmicas, qual a tua reação na época do lançamento durante o conflito de Gaza daquela nota do PT, que não custa lembrar, é o partido do governo do Brasil, dando apoio irrestrito ao Hamas e dizendo que Israel usava métodos nazistas?


Floriano Pesaro: Para mim não foi nenhuma surpresa. Nenhuma mesmo. Porque o Lula antes de ser presidente da República já havia declarado apoio irrestrito do PT para a causa palestina. E já tinham chamado, não sei se o próprio Lula, mas com certeza o PT, Israel de Estado Terrorista. Eu fiz ciências sociais na USP. Convivi com os petistas de perto. Os petistas sempre atacaram o Estado de Israel. Sempre. Eu estudei cinco anos na USP. Durante cinco anos os petistas atacaram o Estado de Israel. E quando eu respondia alguma coisa, diziam, “oh lá vem o judeu ai defendendo Israel”. Então eu sempre vivi este conflito. Na faculdade. Com o PT e com o PC do B. Então não me admirou esta nota. Eu sei que muitos líderes da comunidade judaica se impressionaram. Eu não me impressionei. E é claro que tem que rechaçar isso.


De Olho Na Mídia: Você é um. Quanto apoio você tem nesta casa? Quantas pessoas você consegue agregar? De que forma você articula defesa para este tipo de causa? Afinal é algo tremendamente polêmico. Ninguém te acusa de importar o conflito para cá?


Floriano Pesaro: Sim. Teve um vereador que disse uma vez: você está trazendo uma crise que não é nossa. Eu disse: Não é nossa? Não é nossa hoje. E amanhã? E ainda pode se reverter e perguntar: Ah é? E quem está trazendo Ahmadinejad para cá? Porque está se trazendo Ahmadinejad para cá? O Brasil ganha dinheiro? Claro. Nem é tanto assim, mas ganha. Mas não podemos nos esconder sobre este manto. Sob a desculpa de reerguer a Alemanha é que se fez o que se fez. Apropriaram-se de riquezas alheias....então veja: nós temos que ser implacáveis neste ponto. Falou bobagem, tem que falar: está falando bobagem. Eu tenho uma dificuldade imensa aqui dentro. E as vezes fora também, nas ruas, quando alguém me questiona: poxa, eu votei em você. Mas você só fala da comunidade judaica e tal... Primeiro não é verdade. Eu falo de tudo. Sou um vereador de São Paulo. Eu tive 1/3 dos votos na comunidade judaica e 2/3 fora dela. Mas eu sei o compromisso que eu tenho e a responsabilidade que eu tenho com esta comunidade judaica. Por isso que eu não tenho medo. Além de ter o apoio de quase todos os rabinos. Eles estarem por detrás de mim, me ajudando e me orientando me dão uma força espiritual enorme. E quando você tem isso, não tem limites....

Já para conseguir apoios externos é preciso usar nossa tradição humanista. Falar da questão social, do respeito a uma cultura, falar da coexistência entre os povos. Eu vou pela linha da paz. Apesar de falar duro, ser muito firme, e as pessoas as vezes confundirem, eu não sou um radical, eu sou um homem de paz. Mas para se chegar a ela é preciso se ter um respeito absoluto. Faltou com o respeito, pisou na bola, tem que responder. Eu construo consenso em torno dos projetos que eu encaminho aqui porque são projetos de paz, não são projetos de guerra.



Floriano e Israel:


De Olho Na Mídia: Como é a tua relação pessoal com Israel? Você falou de Israel para cá. E me fala agora um pouco da questão sentimental sua com o país...como foi visitar a região, o que você achou?


Floriano Pesaro: No ano que vem em Jerusalém, não é? (nota do editor: frase repetida continuamente nos serviços religiosos entre os judeus desde a época da expulsão para o exílio e que acabou se tornando a frase da esperança para os que esperavam retornar breve a sua terra ancestral) É a segunda visita que eu faço a Israel. Eu fui a primeira vez em 86 e fiquei em um kibbutz hoteleiro no norte de Israel, perto do Golan e fui agora para um país totalmente diferente chamado Israel. Mantiveram o nome e mudaram o país. É impressionante a riqueza do país. Nós estamos destruindo a Amazônia aqui, eles estão construindo uma lá.


De Olho Na Mídia: E qual a lição que você pode trazer de lá para cá? O que dá para absorver dali?


Floriano Pesaro: Eu só posso dizer que a nossa terra, o Brasil é abençoada. Veja: eu fui a Terra Prometida , Terra Santa, andei por Jerusalém, fui a Massada, andei de camelo no deserto, andei com os beduínos, fui na cidade de David, fui na Cidade Velha, no Monte das Oliveiras, fui no Yad Vashem. E eu falei: gente, faz cinco mil anos que as pessoas brigam por esta Terra, que não tem nada, nada. É árida, tem pedra, pedregulho, não tem água, falta comida, é pequena, não cabe todo mundo . E nós temos lá do outro lado do Atlântico, uma terra que se plantando tudo dá, tem água abundante, tem floresta, cabe todo mundo, ainda sobra lugar e olha o nível de desenvolvimento israelense e o nível de desenvolvimento do Brasil. Então realmente eu acho que ali é a Terra Prometida, mas aqui é a terra abençoada. Não é possível que não consigamos fazer daqui uma grande nação e a inspiração pode e deve vir do que foi feito e construído em Israel.



O futuro e uma mensagem:



De Olho Na Mídia: Quais os teus projetos políticos daqui para frente? Qual a tua ambição?



Floriano Pesaro: Eu sempre pretendi ser um homem público. Contribuir com as pessoas e fazer o correto. Estou há 14 anos no serviço público e há um como legislador. Minha vocação é ser um homem público. Eu não tenho vida privada. Todo mundo sabe onde eu estou, onde não estou. Vida pública é assim. É ser servidor. Servir. Eu nasci para servir. Não nasci para ficar rico, provavelmente não ficarei. Não dá para ficar rico na área pública. Quero transformar a minha sociedade. Se eu puder fazer algo e ser algo melhor amanhã, eu terei cumprido a minha missão.

Dizer que eu quero algum cargo específico é bobagem. Como se diz na política, ela é um rio com um curso natural. Tem que seguir este curso. Eu quero fazer o bem. Fazendo o bem, eu vou progredindo e a própria vida vai me indicando que trilha seguir. Eu vou ser aquilo que D’us designou.


De Olho Na Mídia: Alguma mensagem final?


Floriano Pesaro: A mensagem é de confiança, carinho e de paz. Lutar pela paz. Se a paz lá no Oriente Médio significa o fim de conflitos, aqui significa o final da desigualdade social. Temos que diminuir a pobreza entre nós. Vemos ela mais aguda nos cruzamentos da cidade, mas ela existe em quantidade enorme na periferia. Para isso contamos com a comunidade, que tem como colaborar financeiramente, com logística, afinal a comunidade tem muitas organizações de benemerência e conhece do assunto. A minha mensagem é trabalhar os mais pobres, todos os cidadãos juntos, judeus e não judeus pelo bem maior. Não é possível se aceitar a convivência de gente rica e gente pobre na mesma cidade e não se lutar por uma mudança. É preciso equilíbrio social, harmonia, sem isso não vai para frente. E eu sou otimista. O político tem que ser otimista com o futuro, senão não vai. Se você não acreditar no futuro, como vai fazer com que os outros acreditem?


Fonte: http://www.deolhonamidia.org.br

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