Viagem do governo à Ásia rende bilhões em divisas ao País

O Brasil tem pela frente uma ampla possibilidade de crescimento das relações comerciais com novos parceiros, além daqueles tradicionais. É o que revelam os resultados da recente viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Arábia Saudita, China e Turquia, encerrada na última sexta-feira (22). Somente na China, o governo brasileiro celebrou contratos e acordos comerciais de bilhões de dólares, como o que garantiu à Petrobras um financiamento de US$ 10 bilhões do Banco de Desenvolvimento Chinês (China Development Bank – CDB), por dez anos. O Brasil também avançou no debate sobre uma estratégia macroeconômica que inclui a substituição do dólar pelas moedas nacionais nas transações comerciais entre os dois países. A Petrobras usará os recursos chineses para financiar investimentos no pré-sal.

No mesmo contrato com o CDB, foi acertado um aumento no volume de exportação de petróleo para a China, que em março superou e se tornou o maior parceiro comercial do País, ultrapassando os Estados Unidos pela primeira vez em 80 anos. Esse fato reflete a política do Ministério das Relações Exteriores de diversificar as relações diplomáticas brasileiras com outros países. “E a tendência é a gente crescer ainda mais”, afirmou o presidente Lula, em seu programa semanal de rádio Café com o Presidente.

Para Lula, o Brasil deve continuar prospectando novos negócios e mostrar que não produz apenas commodities. “Temos que garimpar, temos que convencer as pessoas de que nossos produtos são melhores”, enfatizou.

Nova geografia mundial – Segundo o presidente, este é um trabalho para mudar a “geografia comercial do mundo”, criando um cenário onde o Brasil tenha uma pauta de exportação diversificada e ampla, não ficando dependente das grandes potências econômicas tradicionais. “Vou continuar viajando. Porque nesse mundo globalizado, a gente não pode ficar esperando que o comprador bata à nossa porta. Os vendedores, como nós, é que temos que sair, bater à porta dos outros e dizer que existimos e que temos produtos sofisticados, além das commodities”, declarou.

Na Arábia Saudita, por exemplo, o governo brasileiro lançou as bases para novos investimentos em setores estratégicos, como energia e alimentos. Segundo o MRE, os acordos incluem ainda os desenvolvimentos científico, tecnológico, hídrico e de infra-estrutura. A expectativa é de que o Brasil possa também exportar serviços para a implantação de três cidades que os sauditas pretendem construir — uma cidade turística, uma industrial e uma tecnológica.

A Arábia Saudita é o nosso maior parceiro comercial entre os países árabes, lembrou Lula. “Temos um fluxo de balança comercial de US$ 5,5 bilhões”. Ao mesmo tempo, disse ele, a Arábia Saudita representa 60% do PIB das nações do Conselho de Cooperação do Golfo. Portanto, é o País mais importante da região e tem enorme potencial para realizar trocas comerciais com os brasileiros”, afirmou ele.

Passagem para o Oriente – A Turquia foi a última etapa da viagem. Até agora, o país mantinha pouco intercâmbio com a América Latina e o presidente Lula foi o primeiro mandatário do Brasil a visitá-la, desde Dom Pedro II. “Temos hoje apenas US$ 1,5 bilhão da balança comercial, o que é pequeno para dois países que, juntos, somam mais de 260 milhões de habitantes”.

Foi criada uma comissão coordenada pelo ministro Celso Amorim (MRE), que deve se reunir ainda neste ano, e já está agendada a vinda de ministros da Turquia ao Brasil, acompanhados de delegações empresariais. “Convidei o primeiro-ministro (Recep Yayyip Erdogan) para voltar ao Brasil ainda este ano e, em agosto, possivelmente, ele já venha. E o presidente (Abdullah Gül) talvez venha no ano que vem”, disse o presidente Lula.

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Clarim da Amazônia