Papudiskina - A Cruzada do Bem
Daniel Oliveira da Paixão

O prefeito Francesco Vialeto (Pe. Franco) tem feito uma cruzada em todos os setores da administração pública para levar adiante sua mensagem de renovação, mudanças e contínuo apego à moralidade e gestão administrativa livre dos vícios políticos dessa vida terrena. Na terça-feira, por exemplo, ele esteve no SAAE onde permitiu que os próprios servidores dessem suas opiniões sobre a autarquia e o seu conceito no seio da população. Depois, em sua fala, o padre reafirmou seu compromisso com a ética e a moralidade pública. Ele também afirmou que os privilégios, tão comuns em épocas recentes, deixariam de existir e toda a população receberia um tratamento justo e igualitário. Ele disse, em síntese, que as pessoas simples, mais humildes, geralmente se esforçam em pagar suas contas, mas tem gente, de alto poder aquisitivo, que simplesmente não pagava porque se apoiava em seu poder de persuadir vereadores e gente do alto escalão.

O padre ouviu relatos de que alguns funcionários do SAAE, quando iam cortar a água de algum figurão da cidade, deparavam-se com ameaças e constrangimentos. Não vou citar o nome do servidor, mas um deles disse: “Muitas vezes eu ia cumprir o meu dever, apoiado em farta documentação de que o cidadão devia dezenas de contas, mas ao chegar no local deparava-se com um tremendo constrangimento, pois o devedor ligava imediatamente para um vereador ou secretário municipal e minutos depois eu recebia a ordem por telefone celular de que era pra deixar tudo como estava. Ou seja, o seu fulano dos anzóis continuava com água em sua residência e até piscina sem ter de pagar nada por isso”.

Mas agora, pelo que pude perceber, o padre Franco vai aplicar a lei da equidade, pois ele entende que quem deve tem de pagar, não importa a sua posição social. Com isso, ele quer atingir o seu objetivo que é levar água com qualidade a todos os cidadãos, ricos e pobres, e cada um vai pagar de acordo com o seu consumo.
Na visão do prefeito Padre Franco e da nova diretoria do SAAE cada um deve pagar apenas o valor justo. Nenhum centavo a mais e nenhum centavo a menos. Mas para conseguir isso será necessário implantar hidrômetro em todas as casas. Não apenas isso: será necessário reeducar aqueles que se apoiavam em seu círculo de amigos do poder para ter água à vontade e até desperdiçá-la porque a conta era paga pelo contribuinte, excetuando-se eles, naturalmente. Havia até pessoas com piscinas que deixavam a água escorrendo dia e noite, ladeira abaixo. Certamente se tivessem de pagar o preço justo pelo consumo jamais fariam isso. Mas agora, com o princípio da equidade e justiça, poderão até desperdiçar água à vontade, mas vão sentir no bolso, ao final do mês, o preço de sua falta de humanismo e solidariedade com aqueles que vivem em bairros mais distantes que têm de implorar por um carro pipa para socorrê-los.

Caça às bruxas
Eu estou gostando de ver o interesse do novo prefeito em moralizar a administração pública, mas o que me preocupa é o séquito da côrte que, por interesses injustificáveis, lança-se em uma batalha sem trégua contra todo mundo que trabalhou ou trabalhava na administração anterior, acusando a todos, indistintamente, de serem bandidos e bandidas da pior estirpe. Também não é assim, minha gente. Vamos devagar com o andor porque o santo é de barro. Tanto quem serviu à prefeita anterior quanto quem vai servir ao prefeito atual são seres humanos, igualmente suscetíveis a falhas. Eu já disse em edição anterior e repito: gente boa e gente ruim existe em todos os extratos sociais, gêneros humanos, instituições políticas, religiosas, etc. Aquele conceito utópico da esquerda brasileira de que o PT era o único bastião da moralidade, partido composto de 100% de gente honesta, ruiu faz tempo. Então, é muito bom que confiemos e muito no extraordinário conceito ético e boa vontade do prefeito padre Franco, mas também nos preparemos para algumas decepções porque ele não vai governar sozinho. Ele está cercado de assessores, secretários e colaboradores que são, antes de mais nada, seres humanos iguaizinhos aos seres humanos que davam as cartas na administração anterior. Então, da mesma forma que na administração anterior tínhamos gente muito competente e outras nem tanto honestas, o mesmo se dará nessa nova administração. Certamente o padre está atento, mas ele, por mais que tenha sido toda a sua vida um missionário da fé cristã, não tem os atributos divinos da onisciência e onipresença. Cuidemos, portanto, para que não cometamos injustiças em nossa sanha por justiça.

Terceirização do lixo
Até o final de dezembro havia correta e regular coleta de lixo na Avenida J. Moreira, no bairro Saúde, mas após a virada do ano já estamos a semanas sem esse benefício. Eu não estava entendendo oque estava ocorrendo, mas ao ler CacoalRO, deparei-me com um comentário do Zé Maria, cujo trecho faço questão de reproduzir abaixo porque talvez isso faça com que entendamos um pouco o que está acontecendo nesses dias.

Zé Maria
“Estuda-se a possibilidade de terceirização da coleta de lixo, estranhamente solução adotada em cidades administradas pelo PT. Deve ser o conselheiro federal do partido o autor da idéia brilhante (para a Marquise).
Temos o prazo legal de licitação, idêntico ao necessário para a compra de caminhões novos.
Quantas empresas de coleta de lixo atuam no Estado ?
Tive o desprazer de ver essa solução adotada em São Paulo pela Marta Relaxa e Goza Suplicy e não mudou nada na qualidade, já no bolso do contribuinte, dói e muito.
Quatro caminhões coletores hibridos*, diga-se de passagem, sendo que três estão sucateados. Duas centenas de garis estando a maioria em desvio de função.
Incompetência? Má-gestão? Irresponsabilidade? Má-fé?
Sugiro a terceirização do funcionalismo, demitindo todos e contratando PROFISSIONAIS.
Não agradou, RUA.
Torço para que o Padre Franco ouça mais a Deus e menos seus atuais conselheiros”.

Caso Maura e outros servidores
Também foi muito comentado esta semana a demissão de alguns servidores portariados na gestão anterior e que saíram aos prantos. Uma dessas servidoras, a Maura, que prestava serviços, se não me engano na Rodoviária, foi vista saindo da prefeitura revoltada. Mas aí logo alguém resolveu ventilar a história de que ela havia sido humilhada pelo Salim Yunes. Mais tarde os fatos foram esclarecidos e descobriu-se que é fato que a Maura saiu mesmo revoltada, mas ficou claro que o Salim não tem nada a ver com isso.

É natural que alguém, ao perder uma portaria ou o emprego, em alguns casos, fique revoltado. Afinal de contas, seja como for, todo mundo que depende do salário para o seu sustento sente-se abatido ao saber que terá de começar do zero, iniciar uma nova caminhada para encontrar um novo emprego ou função, mas é preciso que cada um, ao seu modo, e norteando-se pelos princípios da moralidade e dignidade, tenha a plena consciência de que o fim de um emprego, por mais traumático que seja, não é o fim da estrada, mas apenas a certeza de que a nossa efêmera caminhada nesta vida é sujeita a muitos paradas obrigatórias e pausas para um recomeço.

Incompreensão
Mas eu compreendo o problema da Maura e de tantos outros servidores exonerados no fim da administração passada e início da atual gestão. O que leva essas pessoas ao quase desespero é perceber a tremenda insensibilidade de algumas pessoas que ficam de plantão para vaiar e ironizar os que estão saindo. Eu mesmo, como jornalista há 24 anos, homem de bem, fui vítima desse tipo de gente desalmada, cruel, só porque, na gestão anterior, dei minha contribuição à assessoria de imprensa. Teve até um advogado que soube de uma lista prévia de quem seria exonerado em novembro e foi à prefeitura, deselegantemente e em frente a uma multidão de pessoas que aguardavam sua vez de serem atendidas no setor de cadastro, para me expor ao ridículo. Mas claro que tal pessoa não conseguiu me desestabilizar porque maior é o Deus que está comigo do que o espírito de vaidade que o possuía naquele momento.
Aliás, o que me conforta é que, mesmo sendo uma pessoa humilde e sem posses, eu gozo de muito mais prestígio social do que tal pessoa, cujo nome não vou citar apenas porque penso que não posso e nem devo me igualar àqueles que sentem prazer em espezinhar o próximo apenas para satisfazer ao seu mórbido prazer pelo sofrimento alheio.

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Clarim da Amazônia