Cidadão pode ser condenado por ter evitado tragédia envolvendo alunas da Escola Estudo e Trabalho

O jornalista Paulo Ayres, 50 anos (32 anos de profissão), pode “pagar” caro por ter evitado uma tragédia no último mês de agosto de 2009, envolvendo alunas da Escola Estudo e Trabalho, localizada no bairro do Areal em Porto Velho. A diretora do citado estabelecimento de ensino revoltada com o protesto do cidadão, que questionou a omissão de professores, funcionários e da direção, diante da gravidade do problema, resolveu registrar ocorrência no 3º Distrito Policial, que em seguida foi recepcionado pelo Ministério Público Estadual.

Ainda está na fase de procedimentos investigatórios por parte do Ministério Público Estadual, o jornalista Paulo Ayres, que apenas agiu como cidadão, pai e cristão consciente, intercedendo numa briga envolvendo duas alunas, acuadas por um grupo expressivo de estudantes, já foi notificado em mandado de intimação, expedido pela juíza de direito Marialva Henrique Daldegan Bueno, do Segundo Juizado Especial Criminal da Comarca de Porto Velho.

Consta do mandado de intimação: “Finalidade – Comparecer à audiência pública a ser realizada no dia 12 de abril de 2010, às 09h20min, na Sala de Audiências deste Segundo Juizado Especial Criminal. Advertência – O não comparecimento sem motivo justificado acarretará em condução coercitiva e responsabilidade pelas despesas do adiamento, além de responder por crime de desobediência”.

O depoimento do jornalista Paulo Ayres deve acontecer no Segundo Juizado Especial Criminal, localizado à Avenida Amazonas, esquina com a Rua Venezuela, 2375, bairro Novo Porto Velho. Ele está sendo acusado de ter cometido a infração de desacato a funcionário público, conforme previsto no Código Penal e poderá ser condenado a detenção de seis meses a dois anos.
Veterano do jornalismo rondoniense, Paulo Ayres também recentemente esteve envolvido em um outro grave problema enfrentado por estudantes, e através de seus artigos conseguiu tornar público sobre as graves ocorrências que vinham se verificando no âmbito do Curso de Medicina da Fundação Universidade Federal de Rondônia. Após a série de artigos, as ameaças e agressões sofridas por um grupo de jovens cessaram.

No dia 19 de agosto após intervir na briga em frente à escola, o jornalista se dirigiu à diretoria onde lamentou a falta de ação, no sentido de pelo menos verificar os alunos envolvidos, ou até mesmo acionar a polícia. Confira a matéria sobre o tumulto verificado na Escola Estudo e Trabalho:

“Selvageria” de alunas da Escola Estudo e Trabalho, diante da omissão professores, diretores e da polícia
Por pouco a briga entre duas estudantes em frente à Escola Estadual Estudo e Trabalho em Porto Velho não teve outros desdobramentos e conseqüências graves. A “selvageria” diante da fúria das alunas aconteceu em frente ao estabelecimento de ensino e menos de cem metros da Central de Polícia. A situação só não se complicou diante da intervenção do professor e jornalista Paulo Ayres, que passava pelo local e que ficou estarrecido com os fatos.

Temendo conseqüências graves, uma vez que já escorria sangue da boca de uma das agressoras, o professor e jornalista Paulo Ayres, estacionou seu carro e foi verificar o que ocorria, diante da presença de dezenas de estudantes. Ao se aproximar do local, deparou-se com duas adolescentes em luta corporal, diante de uma torcida que inflamava as transgressoras.

Ao observar a ausência de um professor ou da direção da escola para intervir no caso, Paulo Ayres resolveu agir, e inclusive acionando a polícia. Conta o professor e jornalista que chega a ser um absurdo uma ocorrência deste tipo a menos de cem metros da Central de Polícia. O mais grave, prosseguiu, “é que com acenos, chamei dois policiais militares que estavam saindo da Central de Polícia, e simplesmente eles fizeram o sinal de dar um tempo, e em seguida, entraram numa viatura indo em outra direção”.

Indignado com a “selvageria” das alunas, o professor e jornalista se dirigiu até a direção da Escola Estudo e Trabalho para protestar contra a omissão dos membros deste estabelecimento de ensino diante dos fatos e ficou surpreso com a presença da diretora em seu confortável gabinete com ar-condicionado e indiferente ao que ocorria.

Paulo Ayres disse que estes fatos são graves, pois o compromisso do professor, do diretor, ou de um funcionário vai além dos muros da escola, e mesmo que não tivesse condições físicas para intervir no caso, deveria acionar imediatamente a polícia, acompanhar o caso, anotar nomes das transgressoras, daqueles que se divertiam fotografando a briga, e também dos alunos que estavam instigando a contenda. “Um educador consciente tomaria providências, faria anotações, acionaria a polícia e no dia seguinte convocaria os envolvidos para esclarecimentos e posteriormente acionar os pais, Conselho Tutelar ou até o Juizado da Infância e da Juventude”, observou.

Segundo Paulo Ayres é lamentável e preocupante, pois enquanto muitos lutam pela valorização do magistério, alguns outros que se rotulam de educadores, simplesmente são omissos. “A direção da Escola Estudo e Trabalho errou ao não adotar nenhuma providência, até mesmo para garantir a integridade de seus alunos e evitar outras conseqüências mais graves”, disse.

Destacou Paulo Ayres não ser esta a primeira vez que intervém neste tipo de ocorrência e citou que no final do ano passado, também salvou uma criança que estava sendo massacrada por alunos da Escola Padrão. “Uma cena chocante observar uma criança sendo alvo de pedras, barro e areia, enquanto outros se divertiam, e mais uma vez se constata a omissão dos professores, diretores e funcionários”, concluiu. O denunciante é presidente da Associação dos Tecnólogos em Gestão de Recursos Humanos do Estado de Rondônia; ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas; ex-presidente do Lions Clube de Porto Velho Centro e ex-conselheiro da Ordem Maçônica.

Redator: A. de Almeida – PVH 15/03/2010

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