Papudiskina - Daniel Oliveira da Paixão

Reflexos de uma campanha alucinada
Como diria o hoje quase ex-presidente Lula: “Nunca na história deste país” houve tanta sujeira e violência verbal em uma campanha eleitoral, marcada por acusações mútuas e jogo sujo da pior espécie. De um lado, o PSDB e seus aliados (muito mais os cabos eleitorais), resolveram usar a religiosidade do povo brasileiro para tentar tirar votos da candidata do PT e de outro lado os militantes petistas, principalmente no segundo turno, também passaram a insultar o outro lado usando temas requentados e hoje sem qualquer fundamento, como a questão da privatização. Mas se tudo tivesse ficado aí e as baixarias tivessem morrido com o fim da apuração dos votos, pelo menos poderíamos dar um desconto e dizer que é perdoável e extinguível as ações que se cometem durante o calor do embate eleitoral. Mas não é isso o que aconteceu. Fiquei estarrecido ao ver propagar no Twitter esta semana uma série de mensagens que se assemelham muito ao pensamento nazista da Alemanha de Hitler.

Inconformados com a derrota de seu candidato, alguns eleitores de Serra (felizmente só alguns) começaram a propagar o ódio contra os nordestinos. Alguns optaram pelo caminho da ofensa simples, acusando os nordestinos de serem inferiores culturalmente. Não dá para se perdoar tais ofensas, pois é inadmissível que se queira aferir o nível de inteligência de alguém usando como padrão sua origem regional, mas essas ofensas são quase nada se comparadas à atitude extrema de outros, entre as quais a estudante de direito Mayara Petrusco que pede a cada paulista que afogue um nordestino. Felizmente a Polícia Federal, a OAB e o Ministério Público já estão cuidando desse e de outros casos. É incrível que em pleno Século XXI ainda tenhamos de nos preocupar com essa aberração de alguém considerar-se raça superior. Ainda mais em um país como o Brasil onde praticamente 100% da população é miscigenada. O pior é que esses “abestados” não sabem sequer fazer conta e querem se passar por mais cultos. Fossem mesmo inteligentes, saberiam que Dilma seria eleita sem precisar de um único voto do Nordeste. Isso mesmo: se fosse computado apenas os votos das demais regiões, ainda assim a vitória da candidata do PT seria muito superior a de José Serra.

Incursão religiosa desnecessária e patética
A participação de líderes religiosos em uma eleição de um país cuja constituição é laica foi completamente desnecessária e patética. Em certa medida, esses pastores e padres que se envolveram “de corpo e alma” nessa campanha também são, ainda que indiretamente, responsáveis por parte dessa campanha insidiosa contra os nossos irmãos nordestinos. A minha pergunta é: o que os sacerdotes cristãos ganharam em se meter nessa campanha em favor do Serra? Eu concordaria com os líderes cristãos imiscuídos na campanha se eles tivessem se limitado a incentivar as pessoas a cumprir o seu papel cívico e votarem de acordo com suas consciências. É normal em qualquer sociedade democrática os grupos montarem “lobby” em favor dessa ou daquela ideia, mas isso fora de campanha eleitoral. Ficou provado que nem os padres e nem os pastores tiveram o apoio que pensavam ter e agora estão desmoralizados. Em resumo: foram expostos ao ridículo por nada. Agora todos sabem o grau de sua importância como formadores de opinião. Perderam um grande trunfo que tinham em mãos se fossem mais discretos. Muitos políticos, principalmente em Rondônia, endeusavam principalmente os líderes evangélicos por supor que eles conseguiam mover todos os seus fiéis para a direção que quisessem. Agora já sabem: os cristãos evangélicos respeitam os seus pastores enquanto eles se limitam a ensinar a Palavra de Deus, mas sabem quando eles simplesmente querem usa-los como massa de manobra. O interessante é que esses tais são exatamente os que contrariando a própria Bíblia querem nos julgar por sermos o que somos e por expressarmos nossas opiniões de forma contundente. A eles, vai aqui a minha mensagem, extraída da Bíblia: “Não julgueis para não serdes julgados, pois com a medida com que julgamos somos julgados” ou, ainda, tira primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão. (Mateus, VII: 3-5).

Instituto Phoenix não se emenda mesmo
A pesquisa do Instituto Phoenix mais uma vez mostrou todo o seu potencial ao prever a vitória de João Cahulla contra o candidato do PMDB, Confúcio Moura. O resultado não podia ser mais humilhante. Errar por uma diferença mínima, é perdoável, mas desse jeito é demais. A vitória contundente de Confúcio deixa à mostra que tem algo de podre no reino da Dinamarca. E bota podridão nisso. Não dá para não pensar que tal pesquisa tenha sido uma encomenda desesperada de alguém que queria usar os últimos cartuchos para ver se conseguia, por um milagre, atingir o seu objetivo. É bom que a Justiça Eleitoral fique de olho em certos institutos de pesquisa e não permita que se divulguem essas discrepâncias.

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Clarim da Amazônia