Papudiskina
Paty Paulista faria muitos votos, mas o Clóvis segue firme

Pelos cálculos gerais, o vereador Paty Paulista faria pelo menos mil votos, mas teve sua candidatura impugnada, em Cacoal e em Porto Velho, em decorrência de falhas meramente burocráticas e a sua sorte agora será decidida na mais alta corte eleitoral do país, o TSE. Já o candidato do PSOL, Clóvis Firme, teve sua candidatura aceita em Porto Velho. Foi um alívio para o jovem radialista, especialmente depois da falta de bom senso de uma emissora de rádio que, não contente em demití-lo em retaliação por ele ter saído candidato, ainda usou e abusou de má fé ao divulgar, com ênfase exagerada, que sua candidatura havia sido impugnada.

É muito triste quando patrões ou ex-patrões, de posse de um veículo de comunicação, aproveitam qualquer ocasião para atacar quem um dia prestou-lhe relevantes serviços como funcionário. Mas infelizmente em Cacoal o que não falta é perseguição política de alguns grupos que simplesmente acham que têm o poder de impor candidaturas aos cidadãos, roubando-lhes o direito sagrado de escolha.

Ainda bem que nem todas as instituições agem assim. Eu, pelo menos, sou servidor público e sempre votei de acordo com a minha consciência. Mas ouço, por aí, que nem todos têm a mesma sorte que eu. Então vou logo esclarecer que eu atuo no serviço público municipal. Nas esferas estadual e federal eu não sei como as coisas funcionam. Mas pelo bem da democracia e a felicidade geral da nação espero que os chefes das repartições respeitem o sagrado direito de seus colegas de votarem em quem seus corações pedirem. Digo colega, pois no serviço público, os chefes não são patrões, mas apenas exercem funções hierárquicas, o que não significa que sejam patrões. Afinal, patrão de servidor público é o povo. Respeitem isso!

Horário Gratuito
Os candidatos não vêem a hora de começar o horário gratuito no rádio e na TV, que é a oportunidade isonômica que todos têm de expor seus ideais e pontos de vistas. Digo isonômica dentro de cada coligação, pois a lei eleitoral brasileira prevê que partidos maiores tenham mais tempo, o que, a meu ver, fere o principio de igualdade das partes em uma disputa eleitoral. De qualquer forma, pelo menos no caso dos candidatos a prefeito, o Horário Eleitoral Gratuito é muito bem vindo. Já no caso dos vereadores, o povo nem sempre fica em frente a TV para ouví-los, pois, em geral, cada candidato fala apenas alguns segundos. O tempo de que dispõe, cada um, é suficiente apenas para uma breve apresentação. Exemplo: “Olá, eu sou o Zé da Estoufaria. Meu número é 99469. Quero seu voto porque quero. Uai. Vota em mim, sô”!

Propaganda eleitoral
Uma lei municipal prevê proibição de propaganda eleitoral em muros, tapumes ou paredes de estabelecimentos públicos. Com relação a casas de particulares não estou certo quanto a regra. Afinal de contas, o site da Câmara Municipal, que é onde deveriam estar todas as leis aprovadas pelo Legislativo, quase sempre está fora do ar. Mas voltando ao assunto de propaganda em muros, tem candidato tentando driblar a lei e colocando placas publicitárias nos canteiros centrais da cidade. Como qualquer rua é pública, não sei se podem fazer isso. No mínimo deveria haver uma consulta pública para saber se o povo permite. Afinal de conta, não existe um palmo sequer de avenida ou praça desta cidade que não seja do povo.

Eleições equânimes
Em que pese as tentativas de alguns candidatos em burlar a legislação eleitoral, as eleições deste ano pelo menos vai obrigar tanto a quem já está no poder quanto quem entra pela primeira vez a gastar solas de sapato. Afinal de contas, aqueles que contratavam muros e mais muros para pintar, agora não poderão mais usar deste artifício. Tomara que os legisladores brasileiros firmem jurisprudência e em todo o país se aplique regras equânimes àqueles que desejam disputar uma eleição seja ao Executivo ou a Legislativo. Mas uma coisa é preciso ser dita: neste país será necessário que o Poder Judiciário e a Corte Eleitoral ponha fim ao absurdo que é o próprio legislativo definir as regras eleitorais. É claro que enquanto a legislação eleitoral for atribuição do legislativo as regras tenderão sempre a beneficiar quem já está no poder. Um exemplo disso é o que ocorreu em Cacoal. A lei que proíbe propaganda nos muros é muito boa, independente de qualquer outra avaliação, mas, em princípio, beneficia mais quem já está no poder. Afinal, não se pode negar que a maioria absoluta dos vereadores é mais conhecida do que qualquer outro concorrente que esteja na disputa pela primeira vez. Se houver vereador que não seja conhecido da população está mais do que na hora de abandonar a política.

Fui eleito e elegi mais dois, três, quatro...
Nas eleições passadas tivemos candidatos com mais de mil votos e alguns deles espalham a notícia de que conseguiram se eleger e eleger mais dois ou três consigo, graças a estupenda votação que tiveram. Quanta arrogância e presunção! Ninguém conseguiu sequer se eleger por seus méritos próprios na eleição passada. A única que quase conseguiu esse feito inédito foi a ex-vereadora Glaucione. Ela obteve 3.200 votos. Mesmo assim, foram necessários entre 500 a 800 votos para que ela conseguisse sua vaga. Isto significa que candidatos que perderam as eleições, em sua coligação, foram responsáveis diretos pela surpreendente vitória. Claro que não podemos tirar os méritos de Glaucione. Ela foi mesmo uma campeã de votos e o seu feito inigualável dificilmente vai se repetir em nosso país. Ela teve o seu momento histórico. Não é fácil um candidato a vereador obter, sozinho, quase 10% dos votos válidos.

60% de indecisos
Os poderosos sempre ignoram os pequenos partidos e tendencialmente apontam apenas as grandes agremiações como as favoritas no embate final nessas eleições. Não é diferente em Cacoal. Mas por mais que as pesquisas revelem o emparelhamento de duas candidaturas, a verdade é que hoje não dá para se saber qual dos três candidatos será o eleito em 05 de outubro. É normal que alguém desponte na frente, mas o que importa é a reta final de chegada. Observem a corrida de são Silvestre: o vencedor, quase sempre, não está entre os primeiros colocados até a metade da corrida.
Esses dias eu estava assistindo a uma partida de basquete entre Argentina e Austrália e vi quando o locutor afirmou: “a Argentina já era com esses 28 pontos a menos que os australianos”. Eu, como conheço o potencial da Argentina, falei baixinho: “é ruim da Argentina perder pra esses cangurus do deserto. Falei baixinho, pra ninguém ouvir, porque até eu, ao ver tamanha diferença, no íntimo fiquei com vergonha de demonstrar publicamente minha convicção. Naquele dia, ainda que com uma pequena pitada de dúvida, o único que acreditava na vitória da Argentina era eu. Mas ao fim, eu estava certo. Ganhou a Argentina graças ao seu extraordinário talento em esportes coletivos.
Pera aí! O que basquete tem a ver com esses comentários políticos?
Tudo! Às vezes o candidato em que pretendemos votar recebe uma enxurrada de críticas desleais daqueles que nos dizem: “Olha, você é mesmo um inocente. Seu candidato não tem a menor chance de vencer. Sim, não tem mesmo se ouvirmos os agoureiros. Mas se não dermos ouvidos e acreditarmos que o nosso candidato vai tirar a diferença no decorrer da partida, as chances dele aumenta consideravelmente.
É por isso que eu sempre voto no melhor candidato, embora nem sempre o melhor vença uma eleição. Mas o importante é que, ninguém, a não ser a minha consciência, consegue me fazer mudar de opinião. Na hora de votar, amigos, temos de esquecer as pesquisas. Elas não ajudam em nada a democracia. Apenas satisfazem a curiosidade natural dos seres humanos. Fora isso, não servem para nada. Então, juízo na hora de votar. Nem o seu chefe, nem seu melhor amigo e nem o seu parente mais próximo tem o direito de fazê-lo mudar de opinião. A decisão é sua. Comemore isso. Esse é um direito realmente inalienável. Eu sei que alguns chefes, seja da iniciativa pública ou privada, acham que têm o direito de impor o voto. Minta se for preciso, mas vote com consciência. Diga para o teu chefe o que ele quer ouvir e, em casa, comemore o triunfo da ética sobre a tirania. Seu candidato não venceu? Não importa, pois de qualquer forma você venceu, de goleada!

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Clarim da Amazônia